terça-feira, 29 de julho de 2008

É o post do 175 que eu peguei na Central

Mais um dia mais um ônibus que eu peguei no rio. Um ônibus tranqüilo, estava vazio. E a cidade engarrafada como não podia deixar de ser. Viagem demorada, o que fazer? Sem nenhuma mulher por perto pra bater um papo esperto, resolvi pegar o mp3, ah mas não estou bem certo sobre o que eu vou escutar - Diz aí trocador - (Ah sei lá) Então eu vou no instinto boto no shuffle e vâmo vê o quê que dá. Foi nesse instante em que eu olhei pela janela. E que susto eu levei, era ela! A lagoa estampada na janela atingiu meu coração E deu vontade de partir pro crime Porque o onde eu quero cchegar já não dá mais A não ser que eu faça como fez o Ferrabrás (Quem?) Então eu tento esquecer Continuar a relaxar Mas o que eu vejo do outro lado é duro de acreditar Mas é real E a realidade dói demais É um acidente com dois mendigos quaisquer que foram atropelados E vao virar notícia e se der Talvez seja fotografado. (Hmm esses nojentos gostam disso?) - Não arrombado Aquilo é um ser humano que chamaram de repórter - Um desesperado Um brasileiro como eu Que deve sempre perguntar (Será que eu tiro essa foto?) Não é o pedro que vai tentar responder Eu continuo no iron tentando esquecer Porque
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E de repente o ônibus começou a encher Entrou mais gente Houve um tumulto Alguém gritou e eu olhei pra ver (Quê que é isso? Quê que tá pegando? Quê que tá havendo?)(É um casal brigando! Será que você ainda não tá percebendo?)
Agora estamos passando pela praia de Copacabana Travestis e prostitutas se acabando por grana E Ronaldo vai achando aquilo tudo bacana (O Brasil é um paraíso! As “mulheres” são boas de cama) Ô Ronaldo não força Deixa de ser imbecil Você que vem lá de fora e já esqueceu como é no Brasil (-E por falar em travesti Olha que loucura Subiu no coletivo uma estranhíssima figura Com um pacote na mão e uma cara de débil mental Pregando a enganação da barra de chocolate da Nestle(Ou será que era Garoto? Ah num faz mal chocolate de ônibus é tudo igual) E o coitado foi soltando aquele papo de duente E eu rezando: Deus me dê paciência! Mas o pentelho desceu pra alegria da gente E na saída do ônibus Sofreu um acidente Se distraiu e foi atropelado pelo caminhão Morreu esmagado com o chocolate na mão. Enquanto todos se benziam com pena do duente. Eu fui escutando, Bola pra frente porque
Esse post não é sobre nada especial É o post do 175 que eu peguei na central E eu percebi que o trocador ficou fazendo carta Prum coroa que passou por debaixo da roleta Era um senhor de óculos, cara de cachaça ... Ei Peraí (Ei professor O quê que o senhor tá fazendo aqui? Quê que houve? Foi assaltado? Perdeu o dinheiro?) - (Não ... É ... sabeoquêqueé ... Eu já gastei o salário inteiro) Hm Hm mudei de assunto ele já tava encabulado No meio do mês o salário dele já tinha acabado Era o meu ex-professor da escola (Elídio) Tá fudido e mal pago Daqui a pouco tá pedindo esmola Ele é um mestre (de obras) Um baú de piadinha. Ninguém mais quer ser professor pra num viver duro E ele desceu em outra escola pra dar mais aula (É que eu trabalho nos três turnos Chego em casa e ainda corrijo prova) - Falô professor - (Tchau Pensador) Desceu mais um trabalhador que tá numa de horror Mas
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E nós agora estamos passando pela Rocinha E como o clima tá fechando eu tô ficando preocupado Ih! Fudeu! Pronto começo o tiro em cima Uns vão correndo em zigue zague Outros morrendo baleados E enquanto na favela tem barraco caindo Não é que passa o caveirão com os “homi” sorrindo? E se o nosso querido 06 estivesse aqui Ele estaria certamente num carrinho tentando subi. Mas como nós não temos caveirão pra todo mundo Essa triste situação tá parecendo o Fim do mundo Pra quem tá de carro Pra quem tá de ônibus Nesse favela-Bairro No Brasil do abandono E enquanto os governantes vão boiando sorridentes Vâmo remando Bola pra frente porque
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E o pior de tudo é que nessa grande viagem é que o motorista se esqueceu de mim e parou na alvorada E os motoristas estão defecando Pro que acontece ao cidadão brasileiro no seu cotidiano Porque pra eles isso não é nada especial No dos outros é refresco Num faz mal E fecham os olhos pro que até cego já viu: O revoltante retrato da vida urbana no Brasil! E eu não me refiro ao 175 ou qualquer linha da central Eu tô falando do dia a dia a qualquer hora em qualquer local Porque esse post não é sobre nada especial..



Adaptação da música “175 nada especial” de Gabriel, o Pensador

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